Flight levels: pensar estratégia em camadas

Muitas organizações falham em sua estratégia não porque não tenham visão, mas porque confundem os níveis em que a estratégia precisa operar. Decisões globais se perdem no detalhe da operação. Problemas locais nunca chegam ao radar do board. A consequência é previsível: desalinhamento, frustração e perda de velocidade.

Na Konectica usamos um conceito simples, mas transformador: os flight levels. A ideia é pensar a organização como um sistema que opera em diferentes camadas de voo:

  • Nível estratégico (alto voo): visão de longo prazo, propósito, grandes movimentos.
  • Nível de coordenação (médio voo): como áreas e equipes se conectam para que a estratégia se traduza em fluxos reais de valor.
  • Nível operacional (baixo voo): execução diária, decisões locais, contato direto com clientes e processos.

Um exemplo forte vem de uma empresa de manufatura no Brasil. O board estava frustrado porque sua estratégia de diversificação parecia “travada”. A diretoria culpava a operação por “resistência”. A operação, por sua vez, sentia que estava sendo bombardeada por projetos desconectados da realidade.

Quando aplicamos a lente dos flight levels, ficou claro o que acontecia: o nível estratégico falava em “expandir mercados”, mas não havia tradução concreta no nível de coordenação. As áreas de marketing, produção e logística não tinham um espaço comum para alinhar prioridades. Resultado: cada uma corria em sua própria direção, enquanto a operação tentava sobreviver.

Recriamos então um sistema de camadas: o board definiu princípios estratégicos claros, o nível de coordenação traduziu isso em fluxos integrados, e a operação passou a receber direcionamentos conectados e praticáveis. Em poucos meses, os resultados apareceram: menos projetos conflitantes, mais clareza de prioridades e uma execução muito mais fluida.

O que esse caso mostra é simples: não adianta ter apenas estratégia brilhante ou execução disciplinada. É preciso garantir que cada camada de voo esteja conectada às demais.

👉 A pergunta essencial não é “nossa estratégia está clara?”, mas: “cada nível da organização está conectado ao outro para que a estratégia realmente voe?”

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