Mentores ou travas? O impacto invisível das lideranças que ‘ajudam demais

👨‍🏫 A boa intenção

“Conte comigo pra tudo.”
“Qualquer dúvida, me chama.”
“Não precisa errar, eu te mostro o caminho.”

Quantas vezes já ouvimos (ou dissemos) isso como líderes?

Só que, com o tempo, o que parece suporte… vira dependência.
O que parece agilidade… vira microgestão.
E o que parecia empatia… vira uma trava invisível no crescimento do time.


🧯 O paradoxo da liderança presente demais

Nem toda liderança tóxica grita.
Algumas sorriem, ajudam, entregam.

Mas, ao fazer isso sempre, roubam algo essencial: a chance de aprender tentando.

Líderes que se antecipam a cada erro possível:

  • tiram do outro a experiência de decidir
  • impedem o fortalecimento da autonomia
  • alimentam a insegurança da equipe
  • se tornam o funil pelo qual tudo deve passar

E, no fim, o time não cresce — apenas executa.


🧪 Um caso real

Uma empresa de tecnologia promoveu seu melhor desenvolvedor a líder de equipe.
Extremamente dedicado, ele:

  • revisava todo código pessoalmente
  • reescrevia trechos “para ficar melhor”
  • participava de todas as dailies, reuniões, checkpoints
  • resolvia bugs no lugar dos outros “pra andar mais rápido”

Resultado?

  • A equipe parou de sugerir ideias
  • Os entregáveis dependiam dele até para sair
  • O clima era passivo e desmotivado
  • A empresa perdeu 2 talentos seniores em 3 meses

O líder não era agressivo.
Só era “bonzinho demais”.


🪞Metáfora: O mentor que vira sombra

Imagine alguém tentando aprender a andar de bicicleta.

Agora imagine um mentor que:

  • segura o guidão
  • ajusta o banco
  • diz por onde virar
  • freia nos cruzamentos
  • pedala junto — ou no lugar

No fim, o aprendiz não aprende a cair nem a se equilibrar.
Ele apenas finge que pedala.


⚠️ Sinais de alerta

  • Todas as decisões passam pelo líder
  • O time espera validação para cada passo
  • Não há espaço real para tentativa e erro
  • A autonomia diminui conforme a “ajuda” aumenta
  • Os liderados não se sentem protagonistas

🔧 O que fazer

  1. Transforme perguntas em devoluções
    Troque “Eu resolvo” por “O que você faria?”
  2. Deixe erros acontecerem (com limites)
    Aprender exige espaço para tropeços.
  3. Desapegue do jeito “certo” de fazer
    Nem sempre o seu padrão é o melhor — ou o mais necessário.
  4. Ajude a criar critérios, não respostas
    Um bom mentor constrói pensamento crítico, não dependência.
  5. Crie espaço para decisões reais
    Dê ao time desafios com impacto — e autoridade para resolver.

✨ Pensamento final

O melhor líder não é o que responde tudo.
É o que faz as perguntas certas na hora certa.

Mentorar é guiar, não substituir.
É habilitar, não proteger demais.
É estar presente sem ocupar o centro.

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